Com mais alcance que os bancos e foco na proximidade, cooperativas de crédito descomplicam o acesso a serviços financeiros no Paraná.
No Brasil, o cooperativismo de crédito ocupa papel importante na inclusão financeira de uma parte significativa da população. A avaliação é do Banco Central, que em anos recentes vem registrando dois movimentos paralelos, mas em sentidos opostos. Enquanto o número de municípios brasileiros atendidos pelos bancos cai, o de cidades que contam com o cooperativismo de crédito só cresce.
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No Paraná, ele está fisicamente presente em 373 dos 399 municípios, segundo informação da Ocepar. Isso corresponde a 93,5% do território paranaense. Outro dado chama ainda mais atenção. Do total de cidades que tem pelo menos um posto de atendimento cooperativo, 156 não contam com bancos tradicionais. Ou seja, para os habitantes de 39% dos municípios paranaenses a única alternativa presencial na busca por serviço financeiro perto de seu negócio, casa ou propriedade, são as cooperativas de crédito.
O estado tem 54 delas. Juntas, elas reúnem 3,2 milhões de associados e operam 1.171 pontos de atendimento. Neles, oferecem financiamentos, empréstimos, cartão de crédito, conta corrente e muitos outros serviços. Tudo regulado pelo BACEN, mas com taxas e condições mais favoráveis do que o mercado (uma vez que o objetivo final é o benefício dos cooperados).
Mais perto das pequenas cidades
Dentre as cidades paranaenses que, hoje, não dispõem de serviço bancário tradicional está Maria Helena, na região de Umuarama, com 5,6 mil habitantes. É onde vive e trabalha o produtor rural Wanderley Rocha. Ele se recorda de um tempo em que o município tinha agências convencionais. Com o passar dos anos, no entanto, elas fecharam as portas, obrigando moradores a viajar em busca de serviço financeiro.
Em um movimento contrário, o Sicredi Dexis abriu posto de atendimento por lá em agosto de 2008. Não precisou de mais nada para que ele trouxesse as movimentações do dia a dia para a nova agência.

“Logo que abriu o Sicredi em Maria Helena eu encerrei a minha conta em Umuarama. Expliquei para eles o motivo, encerrei lá e comecei aqui. A cooperativa tem um diferencial na parte de relacionamento. Trata a gente como cooperado, não como correntista. É isso aí que me atrai. Hoje, 80% da minha movimentação é na cooperativa.”
A percepção de Ana Maria dos Santos, moradora da comunidade de Rio das Antas, em Braganey, na região de Cascavel, é muito parecida. A agricultura é cooperada da também paranaense Cresol. Ela ressalta a dificuldade de ter acesso a serviços bancários, se não houvesse a presença do cooperativismo. “O que ficaria mais próximo para nós seria Corbélia ou Cascavel. Felizmente, aqui a cooperativa está presente”, comemora.
Compromisso de impacto
Mais do que a comodidade de ter serviço financeiro por perto, a produtora destaca outra característica que ela considera fundamental no cooperativismo: o compromisso com a comunidade.

“A cooperativa desenvolve um papel social muito forte, especialmente em cidade pequenas. Para nós isso é fundamental, traz muito impacto positivo”.
Parte dessa avaliação vem da própria experiência. Ana Maria toca a propriedade da família ao lado de irmão, pais e avós, que chegaram a Braganey em 1969. De lá para cá, muita coisa mudou graças à proximidade com a cooperativa. “Meu pai sempre teve conta na Cresol, mas a convite da nossa gerente estamos fazendo um curso sobre empreendedorismo e gestão financeira. Isso já trouxe um grande avanço para nós. Não tínhamos a consciência e nem sabíamos em números exatos quanto que a nossa propriedade movimentava por ano”, revela. Na avaliação dela, a capacitação se tornou incentivo para a profissionalização das atividades, num exemplo do poder transformador das cooperativas.
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