Você já parou pra pensar como são feitas as pesquisas que coletam dados sobre a população brasileira? Renda, poder de compra, classificação social: todos estes dados que encontramos em notícias faz parte de um trabalho maior conduzido pelas empresas de pesquisa sob a coordenação da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP).
Assim como acontecem mudanças na economia e na sociedade, os critérios usados para avaliar o cenário brasileiro também sofrem alterações periódicas. Para adaptar as pesquisas a estas mudanças, a ABEP apresentou no início deste ano no Novo Critério de Classificação Econômica Brasil. Os principais objetivos do novo critério estão relacionados à classificação social dos consumidores e seu comportamento de consumo. As mudanças socioeconômicas observadas no país, como o aumento do poder de compra da população e das linhas de crédito, e a ascensão das classes D e E na última década foram determinantes nesta mudança.
O Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) é utilizado em pesquisas de mercado para estimar o padrão de vida e o poder de compra dos domicílios, analisando bens de consumo e aspectos relacionados ao cotidiano das famílias. De acordo com Gustavo Bizelli, analista chefe da Diferencial Pesquisa, o Critério Brasil vinha sendo atualizado com frequência, mas apenas em alguns pontos. “A nova atualização proposta pela ABEP veio em um ótimo momento. Havia uma demanda clara de inclusão de novas tecnologias no questionário”.
O novo critério, de acordo com Luis Pilli, conselheiro da Associação Brasileiras das Empresas de Pesquisa (ABEP) e especialista no Novo Critério Brasil, tem mais perícia e amplitude em suas classificações e considera diversas variáveis que antes não eram avaliadas. Um exemplo? A análise da renda de cada estrato social não se restringe mais à renda permanente: de acordo com o novo critério, ela também leva em conta a renda corrente e a expectativa de renda futura do consumidor.
<a href="http://comercial.rpc.com.br/mudanca-no-criterio-de-classificacao-economica-brasil-traz-mais-precisao-para-avaliar-os-consumidores/tabela-criterio-brasil/" rel="attachment wp-att-16157"><img decoding="async" loading="lazy" class=" wp-image-16157 " src="http://www.deolhonomercado.com.br/wp-content/uploads/2015/08/Tabela-Criterio-Brasil.png" alt="Novos critérios de pesquisas preveem variáveis diferentes das anteriores, conferindo mais assertividade aos resultados. Fonte: Diferencial Pesquisa" width="657" height="253" /></a>
O que mudou
Segundo Pilli, o critério anterior foi construído para ser usado em grandes áreas metropolitanas, mas fora dessas regiões, sua eficácia não era tão alta. “Se algum empresário queria compreender o Paraná, por exemplo, o critério antigo não daria respostas tão precisas caso a pesquisa fosse feita no interior. Com a nova atualização, a assertividade do questionário aumentou”, explica.
No critério anterior havia, também, a aferição de itens de tecnologia doméstica que no cenário econômico atual revelam pouco sobre o poder de compra do consumidor, como a televisão e o rádio. Novas variáveis foram incluídas e houve a mudança da pontuação dos itens. “Avaliar se uma família tem lava-louças ou mesmo água encanada e rua asfaltada indicam com maior precisão quem é esse público a ser impactado”, explica Gustavo Bizelli.
Anteriormente, o questionário possuía cerca de 11 variáveis e, agora, conta com 15.“Selecionamos 35 variáveis que poderiam segmentar os domicílios brasileiros de acordo com o padrão de vida e poder de compra. Mas tivemos que escolher apenas 15, pois o questionário não pode ocupar muito o tempo do consumidor”, afirma Pilli.
A vantagem do novo critério, para Gustavo Bizelli, é a possibilidade de estimar a classe econômica do público pesquisado sem depender do questionamento de renda, além de padronizar a forma com que os diversos agentes do mercado classificam o público.“Agora um anunciante tem certeza de que a classe AB que ele estimará na pesquisa é a mesma que os veículos de comunicação utilizam para aferir a audiência”, explica.
Além disso, a separação de classes também foi atualizada. “Não se separa mais a classe A em A1 e A2. A classe D e E foram fundidas e classe C foi dividida em C1 e C2. Notamos que ficou mais difícil, por exemplo, ser classificado nas classes AB”, explica o conselheiro da ABEP.
Impactos nos resultados
<a href="http://comercial.rpc.com.br/mudanca-no-criterio-de-classificacao-economica-brasil-traz-mais-precisao-para-avaliar-os-consumidores/pesquisas-permitem-identificar-o-novo-consumidor/" rel="attachment wp-att-16081"><img decoding="async" loading="lazy" class=" wp-image-16081 " src="http://www.deolhonomercado.com.br/wp-content/uploads/2015/08/pesquisas-permitem-identificar-o-novo-consumidor1.jpg" alt="xxxxxx" width="600" height="400" /></a>
A atualização do Critério Brasil foi divulgada em 2014 para que as empresas de pesquisa pudessem se adaptar e planejar as mudanças do questionário. A empresa Diferencial Pesquisa, a partir disso, passou a aplicar o questionário atual e o antigo desde o ano passado, em paralelo, para medir o impacto das mudanças no critério.
De acordo com Bizelli, o impacto observado foi grande: 45% dos domicílios foram reclassificados com a atualização do novo critério, sendo que 9% moveram-se para classes superiores e 36% para classes inferiores. “Podemos concluir que o novo critério é mais rigoroso e tem índices de precisão melhores”, acredita o analista.
Para Pilli, as mudanças são benéficas e resultam das profundas mudanças econômicas que o país vem passando. “O Critério Brasil é uma ferramenta estatística que, assim como todas as outras, precisa de manutenção. Entre 2008 e 2009, o CCEB já havia sido modificado. O ideal é que as ferramentas de pesquisa sejam atualizadas em intervalos menores a 5 anos”, conclui.
Para os negócios, as mudanças devem trazer impactos significativos também: a coleta de dados deve ficar mais precisa, facilitando a tomada de decisões, o planejamento estratégico de comunicação – tudo baseado no <a href="http://comercial.rpc.com.br/como-entender-o-novo-perfil-do-seu-consumidor/">novo perfil do consumidor</a> brasileiro.

DeOlhoNoMercado, o blog da RPC, Afiliada Globo. Entrevistas e matérias sobre mercado, setores, boas práticas, tendências, comportamento e consumo no Paraná.

Novo modelo de pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa reflete o comportamento de consumo dos domicílios brasileiros e traz mais precisão para avaliar os consumidores